Calhambeque Vermelho

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Estou perdendo um velho amigo.

Obrigado pela cama e o sofá

Agradeço a tv e a comida

Eu não tenho como pagar

Não vá embora meu amigo

Obrigado pelo meu carro pintar

 

Eu perdi um bom amigo

Eu não sei mais onde ele está

Será um lugar bom ou mal?

Ou será que não há?

Foi só isso mesmo?

Só resta chorar?

 

Encontrei uma aliança

E eu vi um novo amigo lá

Meu calhambeque vermelho

Em seus bons caminhos andará

Ele me deu Esperança

Meu velho amigo vou reencontrar

 

 

 

 

MARCOS ALVES

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O que será

Ultimamente ando ouvindo muito músicas e vídeos do Chico Buarque. Terminei fazendo uma pequena versão de sua música “O que será”, onde a resposta da música em vez de ser “ditadura” seria “A Glória de Deus”. Eu particularmente acho muito mais legal ler com a música em mente. Logo abaixo a música para quem não conhece e o texto em seguida.


 

O que será

O que será que será

Que está nos lábios dos infantes,  o que será que será

Que oculta certas coisas, o que será que será

Que os céus declaram e o vento sussurra

Que o firmamento proclama desde o princípio

Que as profecias todas ilustraram

O que nunca teve jeito de dissimular

O que iluminará a cidade, junto à candeia

E que todas as línguas hei de exaltar

O que não tem medida, nem nunca terá

O que não tem rival, nem nunca terá

O que não tem precedentes

 

O que será que será

Que faz uma fumaça que não dissipa

Que corta as correntes, que prendem almas

Que é feito uma fonte de águas vivas

Que é feito um talento muito escondido

Que coloca as leis dentro de coração e mente

Nem todas as palavras poderão explicar

Nem todo entendimento ou filosofia

Que divide as eras, será que será

O que não tem mancha, nem nunca terá

O que não tem cansaço, nem nunca terá

O que não tem limite

 

O que será que me dá

Que faz gemidos inexprimíveis, será que me dá

Que a mão que me pesa, será que me dá

Que fará todo joelho em breve se dobrar

Que todas as culpas me vêm retirar

Que todos os laços me vêm libertar

Que todas as lágrimas me vêm enxugar

Que todos os meus órgãos estão a clamar

E nem presente nem o futuro poderá separar

O que não teme a morte, nem nunca temerá

O que emana amor, e sempre emanara

O que venceu a cruz.

 

 

 

 

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Livro: Crônicas de uma Roleta Russa [teaser]

“Crônicas de Uma Roleta Russa” é o primeiro livro que estou publicando. Aqui estou colocando um pequeno trecho do início do livro como uma amostra grátis. Aproveite!


Imagem

Quatro estranhos sentam-se em volta de uma mesa circular. Um revólver de tambor com seis espaços é o protagonista na sala escura. A única luz amarelada e tímida recai sobre o revólver.

O quinto estranho entra na sala com óculos de lentes amarelas. É um homem alto e magricelo com uma barba grossa e cheia de falhas. O homem veste roupas pretas e está armado com uma pistola automática completamente munida na mão direita. Na mão esquerda há três balas que se encaixam no revólver deitado na mesa central.

O homem vestido de preto apanha o revólver em cima da mesa e abre o tambor com seis espaços. Somente em uma das seis casas do tambor é colocada uma bala brilhante e pontuda recheada com pólvora. O homem de preto fica de costas e os jogadores apenas escutam o som do tambor girando aleatoriamente. Impossível alguém tentar acompanhar com os olhos onde a bala está.

–       Vocês viram com seus próprios olhos, há somente uma bala dentro deste revólver, nenhum de nós sabe em qual buraco ela está. Até o fim da rodada nenhum de vocês pode girar o novamente o tambor. Ninguém pode desistir, ou sai vencedor ou não sai. O vencedor leva 28 mil reais para casa. Essas são as regras.

PRIMEIRA RODADA

O homem de preto deita o revólver na mesa e o gira como se jogasse verdade ou desafio. A sorte escolhe o homem de quarenta e poucos anos com o rosto mais cansado da mesa.

Seu nome é Isaias. Isaias tem olheiras horrendas debaixo dos olhos, se parecem com poças de lama. Olhos vermelhos e pele pálida, óculos de lente grossa e cabelo grisalho nas beiradas da cabeça. Físico gorducho acompanhado de um rosto redondo, tão redondo que o faz parecer mais gordo.

Isaias apanha o revólver com sua mão canhota e ao ver como a arma de fogo é pesada se choca em se dar conta de como a situação é real. Participar de uma roleta russa com pessoas estranhas em um lugar desconhecido soa como uma aventura de algum jeito, mas o revólver é tão seco e tão real que enche de medo, aconchegar o revólver na palma da mão é uma explosão de realidade cética.

O revólver tão somente com a sua presença arranca escamas dos olhos e permite que quem o segura saiba que a vida é como um sopro, tão leve quanto um gatilho, simples assim.

“Ora, não há razão para pensar nessas coisas” pensa Isaias, “há 6 espaços neste revólver e apenas uma bala, certamente não estará logo no primeiro espaço. Há apenas uma entre seis chances” e Isaias acalma seu coração vacilante. Ergue o revólver e encosta a extremidade do cano em sua têmpora esquerda. O cano frio finge queimar seu couro cabeludo como se fosse gelo contra a pele quente, dói encostá-lo na cabeça.

As estatísticas se vão e Isaias tem medo. Com o dedo no gatilho Isaias começa a se lembrar do porquê de estar participando de uma roleta russa.

Isaias é um porteiro noturno em um condomínio onde há um único prédio. Das 21:00 até as 6:00 da manhã é o período de seu turno seis vezes por semana.

A minúscula portaria não tem tv porque os moradores chegaram a conclusão que isso distraia a atenção dos porteiros. Mesmo sem tv Isaias aprendera a escrever corretamente há dois anos e cultivou gosto por ler. Não lia livros por serem demasiadamente chatos e com palavras difíceis, mas adorava histórias em quadrinhos. Histórias em quadrinhos de super-heróis americanos de preferencia. Assistia os desenhos daqueles heróis quando menino e achava fantástico poder ler suas histórias em revistas, diretamente da fonte. Demorava muito tempo em sua leitura, analisava cuidadosamente os desenhos. É um passatempo que alivia a cabeça, para não ter de ficar pensando nos problemas da vida.

Sempre arranjou meios para não refletir sobre sua vida bebendo, fumando, lendo histórias em quadrinhos ou passando o tempo com prostitutas. A vida do porteiro noturno girava em torno de esperar ansiosamente sua folga semanal, geralmente no meio da semana, neste dia Isaias gastava maior parte de sua renda com prostitutas em barzinhos. Podia parecer fútil para muitos essa rotina, mas era recompensadora para Isaias, valia a pena desajustar para seu relógio biológico pelo adicional noturno.

Mas neste dia às quatro da matina o barulho do interfone corta a leitura de sua hq. Nenhum morador do condomínio chamava Isaias, na verdade o interfone era chamado no portão de entrada dos pedestres, uma garota com não mais que vinte anos quer falar com o vigia. Isaias abre o portão imediatamente para a jovem com o olho cheio de lágrimas. O senhor sai de sua fortaleza da solidão (forma carinhosa que apelida sua portaria apenas consigo mesmo) para atender a garota.

 

–       Ana Bela, o que está fazendo em meu trabalho? São quatro da manhã! – Isaias conhece a garota.

–       Pai… Eu não sei para onde ir… – Ana Bela, filha de Isaias, esbarra suas palavras em bolhas de meleca estourando de seu nariz em um choro incontrolável.

–       Se acalme minha filha, eu nunca te vi chorar dessa maneira. – Isaias se preocupa.

–       Eu… Preciso… – Ana Bela faz uma pausa de três minutos em sua fala, somente chorando sem controle. Mal respira a pequena mulher no desespero do choro incontido.

Ana Bela é uma bela mulher loira, nem parece filha de Isaias. Seu corpo é simples, magro, mas suas roupas são tão curtas e vulgares que despertam libido em uma criança. Filha que Isaias assumiu no fim da adolescência, a mãe o odiava atualmente. A mãe de Ana Bela segundo o próprio Isaias sempre foi um pé no saco, gostosa quando jovem, hoje velha é somente um pé no saco.

Isaias nunca fora um homem muito sensível ou atencioso, mas injuriou-se no âmago em ver sua filha compondo um poço de lágrimas em descontrolado ataque nervoso. Não sabia o que a afligia tanto, não importava o que era. Isaias abraçou sua filha e a sentiu refugiada como um bebê durante uma tempestade de trovões, seus braços peludos, flácidos e pálidos agora são asas seguras e firmes.

 

–       Eu preciso de dinheiro pai… Eu preciso de dinheiro… Eu preciso de você…

–       Não se preocupe Ana Bela, eu estou aqui.

 

Na mesa da perdição Isaias engole seu medo, amarra uma coleira na frase que o guia “eu preciso viver” e aperta o gatilho do revólver. Um frio sobe a espinha dorsal e arrepia todos os pelos do corpo de Isaias com o som do tambor se movendo. Nada aconteceu, a bala não estava lá. Os pensamentos de segurança fingem que o acompanharam o tempo todo “é claro que o primeiro tiro não iria ser o sorteado” “eram cinco chances contra uma” “você é especial”. Finge para si mesmo que não teve medo e acredita veemente.

–       Passe a arma em sentido horário. – o homem de preto assistindo orienta.

Isaias com o braço amolecido após a tensão coloca a arma na mão da mulher sentada a sua esquerda. A pele branca e suave da mão com dedos gordinhos da mulher é mais suave que a de muitas prostitutas, pensa Isaias. O nome da mulher é Fátima.

Fátima é uma mulher de pele clara, qualquer um vê a naturalidade em seu cabelo ruivo e em seus olhos azuis, não é tintura ou lente de contato. Acima do peso, não deixa de ser atraente.

Embora nunca tivesse encostado em uma arma de fogo semelhante, a imponência do revólver não impressiona Fátima. Sem rodeio Fátima cutuca o céu da boca com a ponta do revólver. É mais apreensiva a cena para quem assiste, mas Fátima acha mais confortável para apertar o gatilho contra si mesma nessa posição. Na hora o nervosismo a abate.

Em um domingo pela manhã o andar de pacientes internados do hospital que Fátima trabalha está com poucos leitos ocupados, coisa rara de acontecer. Fátima é técnica de enfermagem há muitos anos. Passando seu plantão para o próximo turno, Fátima abandona o posto de enfermagem dando risadas conversando com as outras técnicas.

[…]

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Marcos Alves

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